25 de dez. de 2015

A Misericórdia se fez carne e habitou entre nós


Pequeno Grande

Celebramos com muita alegria o Natal do Senhor Jesus Cristo! Uma noite de reencontros, de fraternidade; acima de tudo uma noite para recordarmos e darmo-nos conta, mais uma vez, da enorme condescendência de Deus para com a humanidade. Ao voltarmos nosso olhar para o Presépio vemos a pequenez com que o Filho de Deus entrou no mundo, mas ali estava um “Pequeno Grande”. Sim! Uma pequena criança, envolta nos panos, acompanhada de poucas pessoas e alguns animais; uma criança totalmente dependente dos cuidados daqueles que o rodeavam. Mas, um Grande, o Filho de Deus, que por amor da humanidade aceitou fazer a vontade do Pai do Céu, como afirma a carta aos Hebreus (Hb 5,7-10)“Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedadeEmbora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, porque Deus o proclamou sacerdote segundo a ordem de Melquisedec”.
A essa condescendência divina poderíamos chamar de Misericórdia; misericórdia porque foi para salvar os homens que o Filho de Deus veio ao mundo. Foi para libertar o homem ferido pelo pecado que Ele resolveu se humilhar, fazer-se um com os homens, por pura misericórdia, assim afirma o Apóstolo: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens em tudo, menos no pecado” (Fl 2,6-7).

A encarnação da misericórdia


Assim, sem querermos forçar o texto bíblico, podemos parafrasear o evangelista São João dizendo que “a Misericórdia se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Misericórdia porque a humilhação (kenosis) do Verbo se deu para que Ele provasse da nossa pobre e miserável condição de pecadores, para que Ele sentisse os sentimentos do coração humano, as alegrias e as dores humanas. Isso mesmo significa misericórdia: “Sentimento de caridade despertado pela dor de outrem; piedade, compaixão”Portanto da parte de Deus a encarnação do Verbo é ação real demonstrada pela misericórdia para conceder perdão unicamente por bondade, por amor, por graça.
O Papa Francisco nos lembra exatamente isso: “Precisamos sempre de contemplar omistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro”. (Misericordiae Vultus, n.02).
Para todos, especialmente os cristãos, celebrar o Natal deverá então reinflamar os corações para fazerem a experiência da misericórdia, experiência de sentirem-se tão amados por Deus, mas ao mesmo tempo de fazerem os outros sentirem-se amados por Deus. Quantos de nós sentimos a alegria em nossos corações por nos sentirmos tão amados do Senhor. Mas, quantos em nosso mundo, em nossas Cidades sentem-se tão sozinhos, tão desprezados, tão esquecidos, seja nas periferias físicas seja nas periferias existenciais, nas ruas, nos leitos de hospitais, nos asilos, nas creches, nos presídios, em casa, enfim… quantos à espera de um olhar, de um aperto de mão, de um abraço, de um carinho terno….

Desçamos aos mais necessitados


Se um dia fomos abraçados pelo Senhor que desceu do Céu e veio até nós, desçamos também nós até os necessitados, façamos da nossa vida encarnação atual da misericórdia de Deus que um dia veio “e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1,14). Que por nós, neste Natal, a glória da Misericórdia brilhe sobre tantos irmãos, pois Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (Misericordiae Vultus, n.02), esse é o mistério do Natal que celebramos a cada ano.

Pe. Rafhael Silva MacielReitor do Seminário Propedêutico de Fortaleza e Missionário da Misericórdia.

Fonte: Blog Ancoradouro

0 comentários:

Postar um comentário

Fique ligado - Jubileu 16